Depois de
muito tempo sem escrever, não sem cozinhar, enfim irei contar a história de um
dos pratos mais saborosos que já preparei: o Cassoulet.
Esse é um dos
pratos franceses mais famosos, não só em seu país de origem, mas em diversos
lugares do mundo. Podemos dizer que o Cassoulet é a feijoada francesa, mas que
surgiu muito antes da nossa.
Três cidades
do sudoeste da França reivindicam a origem desse prato, Carcassonne,
Castelnaudary e Toulouse, e disputam, até hoje, os créditos de melhor Cassoulet
da França. O prato é preparado à base de feijão branco, carnes diversas, alguns
legumes e condimentos, mas há inúmeras variações.
A despeito da
controvérsia de sua cidade natal, as fontes são unânimes quando se trata do
período de surgimento do Cassoulet. O prato nasceu durante a Guerra dos Cem Anos
(1337-1453), período em que ocorreram, de forma descontínua, uma série de
conflitos armados entre as tropas dos nascentes Estados Nacionais da França e
Inglaterra. Tais conflitos tiveram como razão disputas territoriais que estavam
ligadas ao contexto de crise da Idade Média.
A Guerra dos
Cem Anos tornou-se famosa na história pela sua longa duração e pelas profundas
transformações econômicas, sociais e políticas provocadas na Europa Ocidental. Uma
das figuras mais marcantes dessa história foi a mártir Joana D’Arc, filha de
camponeses franceses, e que se destacou por liderar o exército francês na
retomada da região de Orleans, que estava sob domínio inglês.
O Cassoulet,
que recebe esse nome por causa do cassole, recipiente de barro em que é
preparado, teria sido criado no sudoeste da França que se encontrava cercado
pelos ingleses. O povo, assombrado pela fome e pela guerra, reuniu diversos
ingredientes (torresmo, banha, carne de porco, lingüiças, favas e legumes) em
um grande caldeirão de barro e preparou um guisado para alimentar seus
soldados. A refeição foi tão revigorante que os soldados franceses,
fortificados, expulsaram os invasores e salvaram a cidade de Castelnaudary da
ocupação inglesa.
O feijão branco
passou a ser usado posteriormente, pois era um produto originário das Américas
e só se tornou conhecido na Europa após as viagens de Cristóvão Colombo e
passou a ser cultivado de forma extensiva durante o governo de Catarina de
Médici (1519-1589), que facilitou a importação e produção desse produto na
França.
Mas por que o
Cassoulet é o Pai, o Filho e o Espírito Santo da comida francesa? Porque um dos
maiores chefes e estudiosos da gastronomia francesa, Prosper Montagné, certo
dia disse que o Cassoulet é a santíssima trindade da cozinha francesa. E nós,
aqui em casa, não ousamos discordar, pois quando preparamos esse prato a
família comeu e se deliciou, mesmo não sabendo pronunciar o nome “estranho”.
O Cassoulet
passou de um prato simples, do campesinato, a um dos pratos mais tradicionais e
saboreados na França e em várias partes do mundo. A receita que preparei foi
uma adaptação (como sempre) da receita do chefe franco-brasileiro Olivier
Anquier.
Cassoulet
500 g de feijão branco
150 g de bacon picado em fatias largas
500 g de lingüiça calabresa
2 cenouras inteiras
2 cenouras picadas
1 cebola grande com alguns cravos espetados
1 cebola grande picada
6 dentes de alho descascados, inteiros
3 tomates sem pele e sem sementes
150 ml de vinho branco
1 bouquet de salsinha, tomilho e
louro
1 caldo de carne ou bacon dissolvido em um pouco de água
Sal e pimenta-do-reino a gosto
Modo de preparo
1) Deixe o feijão de molho por 12
horas.
2) Cozinhe-o com as 2 cenouras
inteiras, a cebola com cravos, 3 dentes de alho e o bouquet de ervas por 1 hora
em panela de pressão.
3) Em uma panela grande frite o bacon,
retire da panela e reserve.
4) Na gordura que sobrou na
panela, frite a lingüiça, retire e reserve.
5) Tempere o lombo com sal e
pimenta e frite ainda na mesma gordura da panela e retire e reserve.
6) Na panela em que fritou as carnes acrescente a cenoura e a cebola picadas e os 3 dentes de alho restantes socados com um pouco de sal e deixe dourar um pouco.
6) Na panela em que fritou as carnes acrescente a cenoura e a cebola picadas e os 3 dentes de alho restantes socados com um pouco de sal e deixe dourar um pouco.
8) Acrescente os tomates e as
carnes reservadas e cozinhe por 30 minutos (ou até que as carnes fiquem macias).
9) Misture esse refogado ao
feijão já cozido e acerte o tempero com sal e pimenta-do-reino.
Dica: Apesar de ser bem mais leve
que a nossa feijoada, é bom deixar esse prato para dias mais frescos, pois a
suadeira não será diferente!