domingo, 17 de junho de 2012

Un populaire petit


    No fim de uma noite agradável, quando você pede “A” sobremesa, e vê chegar aquela bela obra de arte é impossível conter a saliva que inunda sua boca com aquele estímulo visual. Sim, “A” sobremesa é um delicioso petit gâteau!
   É bem verdade que, ao fazer o pedido de “Un petit gâteau, s’il vous plaît!”, você irá sentir-se transportado a um pequeno bistrô na França da Belle Époque ou, se você não faz ideia do que seja isso, ao menos sentirá que você é muito chique! Afinal, essa é uma das sobremesas mais pedidas, e caras, dos restaurantes da região Sudeste do Brasil.
    Apesar do nome, que quer dizer pequeno bolo (o que de fato é!), sua origem não está ligada ao território francês. Não há registros históricos que comprovem a origem da sobremesa, mas há uma lenda que explica que o petit gâteau surgiu na década de 1990 nos EUA pelas mãos de um aprendiz de chef que aqueceu muito o forno onde seriam colocados os bolinhos para assar. O que poderia ser um desastre culinário, uma vez que o forno quente cozinhou a parte de fora do bolo e manteve seu interior cru, foi bem apreciado pelos clientes do restaurante que receberam o bolinho servido com sorvete.
    Há ainda outra versão que apresenta o petit gâteau como uma adaptação da receita do renomado chef francês Michel Bras, dono de um dos restaurantes mais famosos da França, o Bras. Esse chef criou uma sobremesa em que um bolo crocante e bem cozido, preparado sem farinha, era recheado com um pouco de chocolate congelado e que, ao ser levado ao forno, derretia deixando, assim, o núcleo do bolo líquido. Essa sobremesa se chama biscuit tiède de chocolat coulant e ainda hoje é servida em seu restaurante.
    Invenção ou adaptação, é inegável a popularização dessa sobremesa no Brasil. Aqui no país ela chegou por volta de 1996, mas tornou-se popular apenas nos últimos anos.
    A princípio essa sobremesa era servida apenas nos restaurantes mais elegantes e renomados do país, mas hoje, por exemplo, faz parte do cardápio de uma grande rede de comida fast food e tem até jingle tocando na televisão!
    E hoje chegou a hora de tornar essa delícia mais popular ainda, pois você poderá prepará-la e saboreá-la em sua casa. É verdade! Sei que você deve estar pensando: “O quê? Fazer um petit gâteau em casa? Impossível!”. Eu também pensava assim antes de me arriscar a prepará-lo!
    É uma sobremesa super simples e rápida de preparar! Para preparar o petit gâteau você precisará comprar as forminhas de alumínio de 6X6,5 cm.
 
Petit gâteau

4 colheres (sopa) de farinha de trigo
4 colheres (sopa) de açúcar refinado
3 ovos inteiros
½ xícara (chá) de margarina
240 g de chocolate

Modo de preparo

1) Pique o chocolate em pedaços e coloque em uma vasilha de vidro para levar em banho maria.
2) É importante que, durante o banho maria, a água não chegue a tampar a metade da vasilha em que está o chocolate e esteja sempre em fogo baixo.
3) Mexa cuidadosamente o chocolate até que ele derreta e acrescente a manteiga.
4) Em outra vasilha misture os ovos e o açúcar e misture bem.
5) Quando o chocolate estiver completamente derretido e a formado um creme homogêneo com a manteiga, você irá despejá-lo aos poucos e cuidadosamente na mistura de açúcar e ovos. É importante que você mexa bem rápido para que o chocolate quente não cozinhe os ovos.
6) Quando esta mistura estiver homogênea ela deverá estar um pouco mais durinha, quase em ponto de massa de bolo, menos líquida.
7) Acrescente aos poucos, e sempre mexendo, a farinha.
8) Com as forminhas untadas e enfarinhadas você deverá colocar a massa com uma concha até um pouco mais da metade da forminha.
9) Com o forno bem quente, afinal foi isso que fez com que a receita desse "errado", você deverá colocar as forminhas em um refratário.
10) Deixe por cerca de 7 minutos, mas sempre vigiando!
11) Quando a parte de cima da massa estiver um pouco endurecida você deve tirá-la e desenformar ainda quente.

Dica: O segredo do petit gâteau está na hora de assar, pois deve ficar com uma casquinha por fora, mas com o interior líquido, por isso é preciso ficar de olho quando ele está no forno. É claro que o tempo de cozimento da massa pode variar para cada forno, mas não deve ultrapassar 10 minutos.
Costumo trabalhar com uma marca de chocolate que é deliciosa e que não é cara como as famosas. O chocolate que uso é da marca Harald ao leite/meio amargo e tem uma embalagem roxa.

    Se um aprendiz de chef se arriscou e criou/adaptou essa receita deliciosa, por que você não se arrisca e se atreve a preparar esse petit gâteau, hein? Au revoir!

      As fotos são de duas experiências muito bem sucedidas de preparo!

sábado, 2 de junho de 2012

Coq au vin - um presente para os gauleses


Há quanto tempo não escrevo as histórias e receitas para serem saboreadas? Perdi a conta!
Os últimos meses têm sido cheios de tarefas e prazos a cumprir, por isso quase não sobrou tempo para cozinhar e escrever. Mas no último domingo consegui parar e preparar um delicioso almoço de dia das mães. Uma forma de agradecer e homenagear essa mulher que gosta tanto de cozinhar quanto eu. Acho que nós duas herdamos da minha avó o gosto pela culinária.
O nome do prato escolhido soava estranho aos ouvidos dela e de todos que comeram, principalmente para as crianças! No final das contas eu desisti de usar o nome original e anunciava: “frango ao vinho”!
Que nome estranho era esse? Coq au vin! Um dos pratos mais saboreados na culinária francesa.
O sabor desse prato é uma coisa maravilhosa e sua história muito curiosa. Embora a receita apareça nas documentações a partir do início do século XX, algumas histórias são contadas sobre essa iguaria.
Uma delas conta que, por volta do século 50 a.C., no sul da França, os gauleses ao serem cercados pelo exército romano enviaram de presente ao General Júlio César um galo de briga como símbolo de sua rendição.
Júlio César, então, responde ao presente com um convite de jantar ao líder gaulês. O prato principal: o próprio galo cozido em um vinho típico da região.

Após esse período, o primeiro registro de um prato semelhante foi registrado em 1864, com o título de poulet au vin blanc. Atualmente o frango, da receita original, tem sido substituído por galinha.
Apesar do nome difícil, a receita é fácil! Então fica o convite para que vocês se atrevam! Apresento o resultado na fotografia para que vocês fiquem com mais água na boca :)

Coq au vin
1800 g de coxa e sobrecoxa de galinha sem pele
2 colheres (sopa) de margarina
1 xícara e ½ (chá) de bacon picado em cubinhos
2 colher (sopa) de farinha de trigo
200 g de champignon em fatias
2 caixas de creme de leite
2 colheres (sopa) de salsa picada
2 tabletes de cal de galinha
2 folhas de louro
3 cebolas grandes raladas
1 ramo de alecrim fresco
2 colheres (sopa) de azeite
3 cravos-da-índia
6 dentes de alho socados com 1 colher (chá) de sal
1 garrafa de vinho tinto seco

Modo de preparo
1) Prepare em uma vasilha grande a marinada com: o caldo de galinha dissolvido em água morna, o louro, a cebola ralada, o alecrim, o azeite, os cravos e o vinho.
2) Coloque nessa marina os pedaços de galinha e deixa tampado na geladeira por cerca de 3 horas para pegar o tempero.
3) Retire os pedaços de galinha e reserve a marinada, pois ela será aproveitada.
4) Em uma panela grande aqueça a margarina e frite o bacon.
5) Acrescente o alho e os pedaços de galinha e deixe dourar.
6) Polvilhe a farinha de trigo e despeje a marinada.
7) Acrescente os champignons e deixe cozinhar com a panela tampada em fogo baixo por cerca de 40 minutos ou até que a carne esteja macia, mas sem deixar derreter.
8) Apague o fogo e retire o louro e o alecrim e acrescente o creme de leite e misture bem.
9) Acrescente a salsa e voilà!

Serve
6 pessoas

Observação: esse prato pode ser servido com arroz branco e uma salada crua.