Minha
tia caçula casou e foi viver na Espanha quando tinha 18 anos. Lembro-me da primeira visita que fez ao
Brasil e de toda a preparação das bonecas para recebê-la. Isso mesmo, bonecas!
Minha avó disse que as bonecas tinham que recebê-la, por isso demos banho em
todas e colocamos sentadinhas em uma mesinha de centro, bem arrumadas e
cheirosas. A mesa estava farta! De bonecas e de comida! E, como não podia
faltar nos cardápios de domingo, com um belo frango assado. Hummm!
Quando
as visitas chegaram, junto apareceu uma menininha espanhola que nos via pela
primeira vez e sequer falava nossa língua. Minha avó, contente com a netinha
que acabava de conhecer, começou a conversar e perguntar coisas para ela. E a
menininha começou a falar sobre um tal de pollo. Minha avó respondeu com tristeza
que não tinha repolho, mas que depois poderia fazer. Rapidamente minha tia
explicou que pollo era, nada mais, nada menos, que o prato principal do almoço:
frango!
Pollo foi, talvez, a primeira
palavra em espanhol que aprendi e que, com certeza, deixou minha avó
felicíssima, pois satisfez a vontade da netinha que ela via pela primeira vez.
O frango faz parte de nossa alimentação cotidiana, mas nem sempre foi assim. Nos tempos do Brasil Colônia as galinhas eram reservadas para o período de "resguardo" e ao tratamento de gente doente, pois "cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém". Por isso nos Livros de Contas do Engenho de Sergipe do Conde, localizado nas proximidades de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, e que pertenceu a Mem de Sá existe as seguintes descrições: "Hua galinha e ovos para hus adoentes" e "Hua galinha para purgar dois negros".
Isso não denota o uso exclusivo das galinhas para alimentar os doentes, mas um costume e um tipo de alimentação mais indicado para tratar essas pessoas. Tanto que, ainda nos dias de hoje, as mães e avós costumam preparar uma deliciosa canja de galinha quando estamos adoentados ou após o parto. A canja de galinha fortalece o corpo e o espírito!
Ainda há registros do uso da carne de porco para os convalescentes: "Os doentes comem galinha e carne de porco, que nesta terra todo o ano é melhor que galinha em saudável e gosto".
As carnes preferidas no dia a dia dos tempos coloniais eram as de vaca, porco, peixe e as carnes consideradas exóticas nos dias de hoje, notadamente as carnes de caça. Câmara Cascudo explica que "Galinhas, patos, perus, não eram pratos elogiados e procurados. Entre um peru assado e um tatu tostado, elegiam esse último".
A receita de hoje não é de um
frangão assado ou uma canja de galinha, mas leva como ingrediente principal a ave usada como alimento das convalescentes coloniais e atuais e figura como dica de um delicioso petisco para receber os amigos no final
de semana.
Frango com requeijão
Tempo de
preparo: 1 hora
Serve: 4 pessoas
Ingredientes
1 Kg de peito
de frango sem pele e sem osso
9 dentes de
alho
1 cebola grande
1 colher (chá) de sal
1 colher (chá) de açúcar
1 copo de água
Pimenta do
reino a gosto
Orégano a
gosto
1 colher (sopa) de óleo
½ colher (sopa) de molho inglês a
gosto
1 tubo de
requeijão culinário de 200 ml
Modo de
Preparo
1. Pique o
frango em cubinhos.
2. Tempere o
frango com 5 dentes de alho socados em 1 colher (chá) de sal.
3. Reserve os
outros 4 dentes de alho fatiados bem fininho.
4. Coloque em
uma panela média o óleo, o açúcar e o frango para dourar.
Dica: O frango geralmente perde água ao ser levado ao fogo, por isso deixe em fogo alto para que ela evapore rápido e não deixe a carne dura. Cuidado para não queimá-lo. Depois de dourado, acrescente um pouco de água, se necessário, para terminar de cozinhar o frango, tampe a panela e abaixe o fogo.
5. Depois que
o frango estiver cozido acrescente a cebola picada em rodelas médias e
acrescente o molho inglês e tampe a panela até que as cebolas cozinhem um
pouco.
6. Acrescente a pimenta do reino e o orégano ao final do preparo para preservar o aroma e sabor dos condimentos.
7. Despeje o
frango em um refratário de vidro ou alumínio e espalhe o requeijão por cima.
8. Leve ao
forno médio por cerca de 15 minutos ou até que o requeijão derreta.
Essa é uma ótima receita para fazer e comer com os amigos em uma roda de conversa no final de semana.
Sapore Aude!
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